sábado, 6 de junho de 2009

Para Gostar das Pessoas



Gostar de gente é o que nos coloca nesse caminho. O teatro é a arte do ao quadrado e ao avesso. Na nossa: cidade, hoje, contexto, conta bancária, altura do campeonato, Lei Rouanet, conjuntura, mais duro do que pau de tarado e realidade, enfim, é preciso ensaiar no playground. É preciso autorização e haja cachecol para ensaiar na tarde mais fria do ano entre as grades e vãos da área de lazer. E tome-lhe gogó para disputar com o mais novo bilionésimo prédio que está sendo construído ao lado.

Para gostar das pessoas basta acionar um talento nato, intrínseco, humano: o de gostar tanto, mas tanto do outro, que supera até em prioridade o de gostar de si mesmo. Dar amor é prerrogativa de recebê-lo ou não ou nem sempre. É fazer o café e levar açúcar, adoçante e papel higiênico. É colar o cílio postiço na colega. É tirar uma foto de graça porque trabalha-se de graça. É declarar tudo em silêncio ou na mesa de plástico ao raiar de um novo dia. É carregar um anão de cimento numa mochila sem alças.

Gostar doidamente desses pingos de gente – os que estão sentadinhos em frente e os que estão inflamados no tabladinho junto comigo – é que faz de mim atriz. E plena. Além disso, eu não quero mais nada dessa vida, meus amigos.

Leticia Guimarães

quinta-feira, 4 de junho de 2009

ISOPOR EM NITERÓI